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Monday, July 7, 2014

III – As bombas que explodem sem gatilho

Havia dias poucos dias em que por amor acabei reneguei-o e magoei-o por causa dos se e dos mas e dos não resultará como se de fórmulas químicas ou testes laboratoriais se tratasse mania de querer estar sempre à frente da vida e ela a corrervírgulade língua de fora esfalfada aos tombos e solavancos raramente muito raramente ao nosso lado. não era suposto ser companheira companhia de dias partilhados a dois ou três. 
a sombra conta?

Duvidei dele de nós e desliguei desliguei-nos a caixa cheia de emails chamadas e declarações das mais belas que já vi e que tantas mulheres algum dia gostariam de ter recebido - reconheço - vídeos incluídos fotos de vidas comuns que se cruzaram e bandas sonoras de fazer chorar pedras da calçada. e as lágrimas a teimarem marcar presença mas a convicção por vezes é mais forte do que o sentimento ou o sentimento é tao forte que acabamos por desejar mais a felicidade do outro à nossa. e foi assim neste estado que tu e eu nos cruzámos depois do meu ex passaste a estar presente primeiro solenemente de pezinhos de lã palavras doces meigas e dissimulações de ternura partilhada uma voz do lado de lá sempre à mesma hora no mesmo local sempre disponível atenta alerta sedenta. e de que falávamos? temas banais mundanos do teu dia do meu mais do teu que do meu que eu nunca fui de grandes conversas sobre a minha vida sabes disso apesar de negares agora mas eras tu que contavas os segundos e minutos e passeios e passos dados durante o teu dia

acordei às tantas levei a Pilar à escola passei no fulano sicrano o César veio tomar o pequeno almoço comigo depois fomos ao mercado e a seguir ao centro comprei umas botas tão giras para a miúda havias de ver a carinha dela quando as viu já não as largou e a vizinha que foi tocar à campainha para provar o molho da massa… ou não, espera terá sido para te pedir açúcar ou oferecer uma fatia de bolo tão querida que era a velhinha que não era velhinha nenhuma como aquelas a que te referias com ternura e pendor que chamavam a moças como eu de menina e achavas isso de valor. 

Eras tão mas tão exemplar caramba! 

 Mas a velhinha não era velhinha só na alma talvez e continuavas limpei a casa toda e lavei a roupa e agora estou a fazer o jantar e agora a lavar a loiça. 

Caramba que homem exemplar que eras. 

 E em simultâneo falavas comigo ao telefone e eu a ouvir os tachos e os armários e a Pilar que teimava com o tapete (ainda me questiono se Pilar seria a gata) e vai lavar as mãos querida vamos jantar já te ligo ela agora tem esta fixação com as coisas estarem direitas e ao jeito dela não nos ouve vai lavar as mãos querida. 
Como estás já jantaste falamos mais logo sim preciso de te ouvir preciso de ti sim falamos mas não te telefono mais hoje estamos há duas horas a falar sim duas horas estou a ficar sem saldo telefona-me espera mando mensagem até logo bebe café por mim traz-me uma nata sim para comermos os dois aninhados no sofá sim gosti.

Para a semana vou passar umas músicas a um bar, queres vir?
Queres que vá olha que vou.
Vem.

Essa semana foi assim pré-núpcias como aquelas culturas em que prometem a noiva a um homem que não conhece e os dias que se lhe antecedem são assim uma miscelânea de sentimentos mixados e tumultuosos dúbias tentações e medos à mistura. tensões à parte tínhamos um intermediário vá um cúmplice sempre pronto a honrar o amigo e apaziguar atritos desnecessários. devias agradecer-lhe por isso açucarou protegeu tanto a tua imagem e suportou a construção da confiança de ti em mim agradece-lhe vá não temas não sejas arrogante e atroz como nos tempos de nós vá mostra lá por uma vez que seja o lobo no cordeiro de ti sorri a mostrar os dentes que ferram e rasgam as entranhas tenras dos petizes distraídos. 
obrigada César remato eu.

Não sei se conte já agora aqui neste preciso momento o encontro de dois seres que assim visto de longe ao longe como quem é míope se conheciam de anos metades de laranja e tampas de panela e paneleirices do género. conto mas com um ponto e vírgula sim leste bem ponto e vírgula vá reticências só para criar aquele suspense da treta que se quer vá farei isso afinal saberás tudo.

Um dia antes e o temor contido a juntar ao impulso de estar tocar sentir a pele na pele o toque sem toque olhares que queimam e permanecem em nós pela eternidade. a voz à tarde e pouco mais. adiei o prazer às vezes gosto disso de adiar prazeres intensificar momentos adiar adiar para sentir mais e mais atordoar torpedos a explodirem cá dentro em explosões de sortes lançadas lá fora. 

A noite caiu a noite apaziguadora de mentes demente como casulo de algodão refinado a conter movimentos e o comboio seguia feroz na cadência do pulsar do coração respirações contidas minutos em contagem decrescente…como a vida. placas a indicarem saída como se as saídas não fossem chegadas ou entradas entrei num espaço só meu e teu nosso de contendas e suspiros a sorrir timidamente de surpresa de êxtase e ilusão ilusão pura sonhos estaria a dormir? dormias? dormíamos? encontrámo-nos no mesmo sonho? ou será que é isto a que se chama de universo paralelo, existimos ai e aqui ou aqui e não ali ou será ao contrário. existimos mas será que esse dia existiu existes para mim em mim existo em ti
liga-me.

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