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Monday, July 7, 2014

XIV – Ar-te is blindness

O dia da apresentação de um espectáculo meu poesia pintura música em parceria com outros artistas – somos todos nós, artistas da vida na vida – sobre a vida pré morte e momentos vivídos da memória em calorosas e ardentes declarações de amor para alguém alguéns perdidos num qualquer universo paralelo vi o César na plateia. abatido. sem ela sem ti. bebemos um copo falámos de coisas da vida da minha da dele sem mencionarmos o teu nome por minutos ele falou em ti estavas por cá na capital ias ser pai novamente separaste-te dela estavas sozinho novamente deixaste de viajar tinhas ias ter dois filhos de duas mulheres diferentes com quem já não te davas procuravas trabalho ias fazendo uns biscates no café de um conhecido que de vez em quando te chamava normalmente quando estava de ressaca ou quando ia jantar com uma nova conquista ou havia o jogo do grandioso que ele fazia questão de não perder nem um. pediu-me que te voltasse a falar neguei não podia como podia eu voltar a falar contigo e ser cínica fingir que me preocupava arriscar a cair na tua teia novamente não neguei por educação desculpa mas não posso cuida dele voltou à bebida Diana e mais não sei o quê tu sabes aquilo que tememos quer dizer que tu temias que eu temo não sei como o ajudar também não posso estar sempre presente sente-se pior que antes acho que ia gostar de saber de ti de saber que pode contar contigo mas se achas que não podes respeito sei que sofreste muito com ele sei que achas que ele não merece mas pensa nisso dares-lhe a mão uma palavra amiga. mas ele tem amigos tem te a ti César um amigo que tantos gostariam de ter sabes que te admiro que admiro o teu sentido de amizade de lealdade e o que és nunca me faltaste sempre estiveste presente e até poderias ter ido embora quando ele se foi afinal eras amigo dele e não meu e agradeço-te teres ficado teres sido quem foste e por ainda estares aqui mas quanto ao Francisco nada posso fazer já não há amor nada ficou secalhar estou a ser insensível mas é a única maneira que sei e que posso de lidar com tudo o que se passou virei a página voltei a conseguir ser eu mesma pensar em mim recuperar a minha auto-estima estraçalhada por ele não posso voltar atrás nem correr esse risco não posso. 

Bebemos um último trago em silêncio. apareceu o João quem me acompanhava nas performances tratava da música improvisava temas de emoções onde o silêncio jamais teria lugar ou o sofrimento só o fingido e a lágrima sentida em cumplicidades de vidas que se tocam momentaneamente. estava a minha espera. despedi-me do César com um ate já liga-me. 

Saímos fomos jantar finalmente jantar antes das apresentações nunca consigo comer nem beber nada nervos mesmo depois de já ter feito isto umas quantas vezes de aparecer em público já deveria estar habituada mas há sempre uma ansiedade talvez excessiva antes das performances que normalmente correm sempre bem têm corrido sempre bem mas há sempre o medo do medo e o medo de falhar de não se estar à altura do nosso próprio patamar do sucesso da performance bem conseguida segundo os parâmetros da nossa inner exigência digo que devo ter um super-ego demasiado castrador que me põe o ego a mil com medo da catástrofe sem ser anunciada sem pré-aviso quanto ao id por vezes anda adormecido intencionalmente porque aqui entre nós que ninguém nos ouve ele quando se descontrola é imparável e arrebatador por isso deixemo-lo sossegadinho para evitar mais desilusões e nódoas negras no coração amachucado de quedas de outrora. 

Estás bem? Ficaste pensativa depois de sairmos.
Está tudo bem. Apenas fiquei a pensar numas coisas que aquele meu amigo o César me contou.
Ele não está bem, é isso?
Não, ele está bem, quero dizer acho… Mas não foi nele que fiquei a pensar, mas sim num amigo comum que temos. Um ex-namorado meu. Nada de especial.
Se é ex não te deves preocupar! – gargalhada.
Ri-te ri-te mas tens uma certa razão, apenas me devo preocupar com quem esta do meu lado, ao meu lado digo, assim tu por exemplo.
Comigo não tens que te preocupar, estou contigo estou bem.
Ui fosse tudo tão simples.
E é. Simples como o amor deve ser.
Não comeces...
Acabo. Não quero. Acabar.
Vá, que vamos comer?
Eles aqui fazem um prato que vais adorar. Já venho.

Falámos das ideias do novo projecto pormenores de cenário e entoações vozes em intimidades que partilhamos por cumplicidade em ternuras que se derretem no espaço de nós. o João era desde sempre uma ligação por e de ternura sem haver propriamente amor ou intenção amorosa concretizada apenas carinho um enorme carinho cuidado uma enorme vontade de cuidar e criatividade união cumplicidade e partilha artística uma empatia quase que transcendente que não se deveria jamais ignorar. quem nos visse afirmaria que éramos o casal ideal amigos amantes em sintonia éramos casal por sermos 
um e um mas não nós.

“Preciso de ti, do teu abraço onde um beijo seria sinfonia eterna em compassos dessincronizados na sincronia de nós. Preciso de te ver”

Mensagem tua do dia seguinte acordei com o toque da mensagem certamente falaste com o César ou o César falou-te de mim não quero saber vou ignorar ignorar a tua existência aprender a dizer não a quem me disse não quando mais precisei vingança não me parece que se trate de vingança não me alimento de tal fel mas justiça talvez ou mais que tudo lutar pelo meu bem-estar
tu fazes-me mal.

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