A multidão e a intimidade partilhada sem contenção amizades cúmplices de outros tempos de conversas sem fio à meada sem rumo ou senso bom-senso e gargalhadas roucas a abafar sentidos.
A ementa era tudo o de menos o que menos nos importava achei eu tu que renegas mil e um pormenores ervilhas favas queijo orégãos marisco truta e prazeres de mesa em vinho tinto de eleição escolhido pelo César teu amigo e confidente de passados e infâncias partilhadas cumplicidades erguidas num brinde à meia-luz.
Oito eram os pés ao espelho reflectido como figura de estilo a duplicar momentos a quatro acho que eramos quatro ou seriamos três mais um ou talvez dois mais um e um. tu e ele. eu. ela. nunca gostei de contar pelos dedos, sabes, como na escola primaria lembra-me as reguadas que não levei não eu que era a melhor das melhores não enobrecendo aqui a causa de ter tropeçado em ti, tu tao envolvente tão sedutor tão tão ludibriante na censura e na queima dos sentidos.
Ontem falei com o César a lembrar o nome daquele bar de jazz que fomos os dois mais um e um depois do espaço feito restaurante de almofadas vermelho escarlate e mesas de pé curto negro abrilhantado fosco meio tosco a rodear espaços rodeados de espelhos a fazer lembrar soirées de formosas danças de boîtes rascas mas versão eloquente de jazz afinado e selecto.
Telefonaste-me antes de adormecer como sempre desde sempre coisas protocolares tuas e eu a achar que era amor amores ou juras de amores ditos sentidos eu que deixei de acreditar na fada madrinha e no pai natal desde os sete anos de idade quando aquele que se diz - protocolos que a sociedade nomeia - aquele cujo nome não ouso enunciar se foi foi-se ido reprimido na sua vidinha de pequenos nadas. eu que deixei de acreditar no amor amei-te e ainda assim desconfio que causas maiores existiram essas tretas que nos enfiam na cabeça desde putos ah e tal o amor e sonhos cor de rosa anjos bonitinhos de setas apontadas aos corações desprevenidos
que maldade caramba
devia ser punido punível putável no imputável
essa história das histórias de encantar.
Mas encantei-me que queres que te diga nada e nada é culpa do principezinho e dos cuidados à rosa que cativou e dos teus carinhos que eu consumia como água corpos desidratados a pedirem gotas uma só que fosse como mortes que nos vão talhando em peças desfalecem a não sentir a dor
já não sentes sentiste alguma vez?
relativização da dor amor loucuras de dormências e carências de suores de corpos enlaçados.
“Amanhã vamos ao escarlate de negro tosco em jazz de espelhos a reflectirem ilusões. De madrugada parto. Amo-te. Francisco.”
E fomos eu ele mais ele e ela oito pés cruzados em vidas desconexas. e foi foi-se. outra vez. fiquei.
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