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Monday, July 7, 2014

IV – Altares erguidos a derrubar rumores

Agarrei nas malas e virei costas ao destino ou o destino seria esse de voltar regressar a tempo de… a tempo apenas isso de recuperar a sanidade mental e a vida que desperdicei em ti em imagens e sonhos contados a duas vozes de vidas a três com a tua filha aqui e ali juntos para sempre como nas histórias de faca e alguidar que desdenho desdenhei de outras andanças. rumei a casa. estivemos não sei bem quanto tempo foram meses a parecer anos e nem um ano foi ou terá sido a contar com os preliminares e discussões de términos e altares erguidos para derrubar rumores e arestas a ferir a pele de trocas idas e ausências a ter-te a meu lado a ti e a ela e tu sempre tu e o teu trabalho e a tua vida e a vitimização permanente dos outros os da tua vida os teus família amigos amor amores sim amores no plural foram encarcerados nas esquinas a sussurrar mentiras feitas verdades tombadas e prontas a derrubarem milenares estátuas quimeras de sal e gelo a derreter em pleno Verão de Invernos rigorosos que gemiam no meu peito gritos abafados de choros convulsos. 

Tu e tu e a tua vida e tu mais uma vez tu e o adiar das promessas vãs e juras de amor eterno efémero e futuros a dois. 

Agarrei nas malas e voltei depois de trocarmos suaves palavras de ternuras e perdões cravados na garganta silenciados tanto por dizer que te disse e disseste que ficou tanto de ti e tanto de mim ficou por aí suspenso no ar segundos de vida atraiçoados que não se recuperam momentos enclausurados no tempo.

Virei-te as costas e pela primeira vez em tantos meses voltei a respirar
e a viver aprender a viver de novo como quem gatinha primeiro e tenta levantar-se dar os primeiros passos cai não chora 
chorar não é permitido 

aguenta levanta dá um passo ergue o corpo trémulo e segue pé ante pé passo a passo cautelosamente na coragem de amanhã ser um novo dia e a seguir outro e outro e é assim assim é tu sabes caminhando faz-se o caminho ou o caminho faz-se a caminhar ou a amar de novo reaprender a
ser sermos nós um sem o outro eu e eu outra vez.

Encostei-me à janela a tarde tinha aquele tom nefasto e cinzento dos meios tons e das meias coisas indefinido o ar semi aquecido abafado em tentativas de refrescar calores de meia estação tudo era meio permeio mediano e a respiração fraca superficial animosidades da falta. árvores em flor recordavam-me que a vida existia sim eu existia também e era bela. a vida. 

Deixei as portadas de par em par as cortinas em danças de slows enamorados e o sol a cair no horizonte. sentei-me no chão tentei reencontrar o meu corpo perdido no meio do vazio da casa já desabitada sem humanismo odores a relembrar caricias cansaço demasiado cansaço num só corpo estertor insane de fugas gritei do fundo da alma gemi em surdina um pardal pousou no parapeito acordei. damage is done damage is done Sylvian em eco damage is done eco ecos repeats a encher a sala de bruma adocicada a intoxicar sentidos. fiz um chá. camomila dizem que acalma não acredito nessas crenças descrenças de antigamente mas se dizem está dito e tomo como automatismo apenas porque gosto do trago póstumo e do calor a percorrer o corpo embriónico. 

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